Se o diabo é o pai do Rock, então ele também é o pai dos hinos nas igrejas. Veja o porquê.

Quem acredita que o diabo é o pai do rock, é mínimo um desinformado que não sabe a origem da música cristã, que tem a mesma origem “satânica”.

Outro dia eu li o polêmico post do Pr. Márcio de Souza: O diabo é o pai do rock? | Blog do Pastor Márcio de Souza e fiquei morrendo de rir com os comentários dos teólogos de plantão. Infelizmente, ao tentar dar o meu quinhão de idéias, o envio do comentário travou. Felizmente, me animei a reescrever o comentário de forma mais espirituosa. Vamos lá:

O pai do Rock é o Blues, que por sua vez é filho pródigo do estilo cristão Black Spiritual: estilo musical executado inicialmente por escravos negros nos EUA, que foram convertidos ao cristianismo protestante de seus “donos”. O Spiritual é caracterizado por movimentos rítmicos com as mãos e corpo, então imagina o escândalo comparado a liturgia das igrejas dos branquelos.

O Spiritual é filho cristão da “Mama África”, que por sua vez não era nada cristã. Mama fazia o diabo a quatro com suas músicas muitos loucas em seus ritos de feitiçaria e animismo. Por culpa da escravidão, os irmãos de Mama foram exportados para todo o mundo. No Brasil eles trouxeram seus deuses e fizeram um samba do criolo doido com a música portuguesa… mas ai já é outra história para outro post com muita feijoada e acarajé.

Se fizermos uma análise “genealógica” preconceituosa e jocosa do rock, veremos que o problema dele não estava com seu pai, mas com sua bisavó. Sim, a bisavó do rock é a diaba, digo, o diabo.

Mas que diabos de afirmação preconceituosa que é essa? Mama e seus irmãos são responsáveis por contribuições culturais valiosíssimas ao mundo. O legado deles é tão importante quanto o legado helenístico. Ora, os gregos, que adoravam os deuses do Olímpo e para eles cantavam em seus templos, inventaram os padrões moldais gregos para a música, com suas 7 notas dó, ré, mi, fa, sol, lá e si.

As suas músicas ritualísticas gregas influenciaram não só a Civilização Greco Romana, mas toda a música ocidental, inclusive toda a música sacra cristã cantada como os hinos nas igrejas cristãs. E como é bom escutar um canto gregoriano ou um Bach!

Se o diabo é o pai do rock, então ele também é o pai dos hinos cantados nas igrejas cristãs. Ou será que o diabo é tio dos hinos, porque ele também tinha família lá na África… e… Ah, agora estou vendo que isso tudo não passa de racismo, não é? Se a origem da música é de branquelos pagãos pode então som na caixa, mas se é feito pelos “mano” africanos é do diabo.

Note que no primeiro parágrafo deste post, eu afirmei que a origem da música cristã é satânica, mas foi só para realmente chamar a atenção para artigo. A explicação está nos últimos três parágrafos. Tudo não passa de preconceito e racismo. Existe apenas música boa e música ruim, que pode ser usada de forma ritualística ou secular.

E qual seria o problema se o meu pai fosse um assassino? Isso me transformará em um assassino em potencial? E se eu fosse bisneto de Adolf Hitler, isso me tronaria num nazista matador de judeus ou os meus genes perpetuariam o mal? Devo ser julgado pelo erros de quem me antecedeu ou devo ser julgado pelos meus próprio atos?

As coisas tem diferentes origens: más e boas. O que faz a diferença não é a origem, mas o fim delas ou seja o que eu farei com elas. A água mineral que você toma hoje, ontem pode ter sido um esgoto fétido que foi tratado. Tudo se transforma para melhor ou pior. O mesmo carro que te leva para onde quiser, pode ser usado como arma para matar alguém atropelado. Tudo depende da escolha de uso. Pela ação do uso das coisas você deve ser julgado.

Finalmente, voltando para o rock, ele é apenas uma coisa que pode ser usada de várias maneiras, para o bem ou para o mal, como tudo nesta vida. Rock não tem nada a ver com religião e, felizmente, nunca terá.

Dou apenas um conselho: ouça rock no volume máximo! Heah, rock in roll, baby!