
Fonte: As mentiras da esquerda para seduzir o eleitor evangélico e Como organizações progressistas infiltram suas ideias no meio evangélico brasileiro?
DOIS ARTIGOS IMPORTANTES PARA OS EVANGÉLICOS ENTENDEREM QUEM FINANCIA O ESQUERDISMO NA IGREJA BRASILEIRA E AS MENTIRAS PARA SEDUZIR OS EVANGÉLICOS.
1 – COMO ORGANIZAÇÕES PROGRESSISTAS INFILTRAM SUAS IDEIAS NO MEIO EVANGÉLICO BRASILEIRO, INCLUSIVE ABORTO
Embora evangélicos tradicionalmente estejam ligados a valores conservadores – o que fica evidente pelo perfil da bancada evangélica recém-eleita no país -, grupos cristãos progressistas têm ganhado força no Brasil nos últimos anos. Longe de uma iniciativa orgânica, o movimento parece ser fruto de uma estratégia articulada em que organizações progressistas estrangeiras financiam projetos de direitos humanos e infiltram suas ideias de esquerda no meio protestante.
“Os esforços de organizações e fundações de fortalecimento de democracia que investiram financeiramente em iniciativas evangélicas progressistas foram realmente louváveis. Mas o que elas fariam sem referencial teórico, formação, mapeamento, cruzamento de dados? Nada. Bolhas.”, tuitou no dia seguinte às eleições o pastor Ronilso Pacheco, que é militante do movimento negro e faz mestrado em teologia na Universidade de Columbia, em Nova York. Ele completou que “em nenhum lugar do mundo, um grupo nesse nível de reacionarismo fascista entra fácil no Senado em uma única eleição” e que, para mudar esse cenário, não surte efeito “conversar com os evangélicos”. “Tem que conversar com e para a sociedade e desarmar essa ideologia reacionária, desfazer a captura do sentido da vida pela extrema-direita”, afirmou.
A fala de Pacheco deixa implícita a existência de um ecossistema em que instituições internacionais enviam recursos para organizações “guarda-chuvas” brasileiras ligadas a igrejas, que escolhem a dedo para quais projetos ou entidades distribuí-los. Juntamente com o dinheiro, ideias progressistas são disseminadas junto ao público evangélico, fortalecendo um potencial eleitorado de esquerda.
A iniciativa alemã
Em junho de 2016, durante o processo de impeachment da presidente petista Dilma Rousseff, a ONG alemã Brot für die Welt – Pão Para o Mundo (PPM) enviou uma carta a suas parceiras no Brasil lamentando a conjuntura política do país. Para a PPM, eram preocupantes as tendências que se acentuaram naqueles meses e os possíveis retrocessos em relação aos supostos avanços que teriam ocorrido nos últimos 15 anos.
Ainda segundo a PPM, as entidades deveriam analisar as recentes dinâmicas e buscar pistas para a formulação de novas estratégias de atuação conjunta. Mas a ONG alemã se dizia reconfortada por ter notícias de que as organizações religiosas brasileiras, a despeito do choque, permaneciam “inquietas, atentas e mobilizadas”.
“Entendemos que foi o árduo e engajado trabalho de suas entidades na sensibilização e mobilização da sociedade brasileira nos últimos 40 anos que fizeram a diferença para tornar o Brasil uma fonte única de riquíssimas experiências.” Em outro trecho, a carta afirmava que “a cooperação internacional foi parceira de suas entidades nesta bela caminhada, que deixou marcas profundas. Agora mais do que nunca, cremos que ela deve prosseguir e continuamos apostando na enorme importância e atualidade do trabalho de suas entidades”. Em um relatório de 2018, a PPM ressaltou que o clima político do Brasil era cada vez mais determinado pelo conservadorismo.
A ONG é controlada pela Igreja Evangélica na Alemanha (EKD) e outras igrejas menores. Segundo seu site, as suas principais fontes de receita em 2019 foram: fundos federais da Alemanha, 174 milhões de euros; doações e arrecadações, 64 milhões de euros; fundos da igreja, 59 milhões de euros. Juntamente com outras contribuições, teriam sido disponibilizados cerca de 320 milhões de euros para o trabalho do PPM em cerca de 76 países, incluindo o Brasil. Isso a torna uma das principais instituições internacionais financiadoras de projetos ligados ao ecumenismo ou a questões religiosas de esquerda no Brasil.
Instituições “guarda-chuva”
Não é simples para uma instituição do outro lado do Atlântico despejar dinheiro em outro país, conforme afirmado pela própria PPM em sua carta às parceiras no Brasil. Assim, são necessárias organizações “guarda-chuva”, que distribuem os recursos a ONGs menores. Uma das instituições que mais recebem fundos da PPM no Brasil é a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), fundada há 49 anos e composta por seis instituições religiosas brasileiras.
Entre elas está a Aliança de Batistas do Brasil, que em 2018 fez parte da fundação da Frente Evangélica pela Legalização do Aborto, movimento semelhante ao Católicas pelo Direito de Decidir. A ideia era apresentar uma justificativa teológica para apoiar a ADPF 442, ação proposta pelo PSOL que pede a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gravidez.
Também compõem a CESE a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, cujo presidente, Inácio Lemke, foi visitar Lula na prisão em 2018 e o tem apoiado abertamente; a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, que embora seja uma igreja tradicional, celebra casamentos homoafetivos em suas catedrais e tem posição aberta em relação ao aborto; a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, cujos posicionamentos frequentemente se alinham com pautas de partidos de esquerda, mesmo que não siga a sua igreja americana na questão da realização de casamentos gays; a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, ligada ao Conselho Mundial de Igrejas, instituição progressista com células em todo o mundo.
Na lista aparece ainda a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), uma “associação de bispos” que não faz parte da hierarquia da Igreja Católica e costuma se envolver em ações e mobilizações em conjunto com grupos e até partidos de esquerda, como o tradicional Grito dos Excluídos.
A maior parte dos recursos (91%) obtidos pela CESE vem de instituições internacionais. Os maiores doadores são PPM (54%), e Fundação Ford (19%). Há ainda Heks Eper (8%), Misereor (5%) , Wilde Ganzen (5%), Terre des Hommes Suisse (1%), União Europeia (1%) e Fundação Appleton (1%); e as instituições brasileiras Instituto Ibirapitanga (5%) e Instituto Clima e Sociedade – ICS (3%).
A CESE seleciona e financia diversos movimentos e organizações de esquerda no Brasil. Segundo dados do seu relatório anual, a instituição doou mais de 4,8 milhões de reais em 2021 a instituições e projetos, como o acampamento “Luta pela Vida”, realizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), em agosto de 2021, em Brasília, contra o Marco Temporal e contra a “política genocida de Bolsonaro”; também a Marcha Nacional das Mulheres Indígenas, encontro organizado pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), em setembro de 2021, em outro protesto contra o Marco Temporal.
Assim, a movimentação de milhares de indígenas para o Planalto Central em meio a votações importantes no Supremo Tribunal Federal (STF) pode ter ganhado um impulso de grandes instituições e recursos de organizações estrangeiras com supostos fins religiosos.
Paz e Esperança
Uma das financiadas pela CESE é a Paz e Esperança – Peace and Hope Internacional (PHI), uma instituição ecumênica de base cristã, que atua em pelo menos seis países da América do Sul, nos Estados Unidos e no Reino Unido, e que, segundo a descrição de seu site, fornece “serviços de apoio jurídico, social, psicológico, espiritual e de liderança” e tem objetivo de “promover justiça social”.
Na versão peruana do site da PHI a seção de financiadores informa que a instituição, além da PPM, também recebe recursos constantes de Kinder not Hilfe (KNH), Servicio de Liechtenstein para el Desarrollo (LED), Tearfund Suíça e Save the Children, todas instituições filantrópicas sediadas na Europa.
Segundo o site, a PHI precisou realizar parceria com o Instituto de Estudos da Religião (ISER) para se instalar no Brasil, pois ainda está em processo de regularização no país. O ISER, que se descreve como uma “organização brasileira da sociedade civil de caráter laico, cujo objetivo é promover estudos, pesquisas e intervenção social nos eixos temáticos de defesa e garantia de direitos, segurança pública, meio ambiente e diversidade religiosa”, é financiado por grandes instituições internacionais. A lista traz nomes como Ford Foundation e Open Society, do bilionário George Soros; além da brasileira Instituto Clima e Sociedade, que distribui por aqui recursos de Soros e outras instituições, como a OAK Foundation; e o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), organização guarda-chuva que distribui, segundo seus dados de 2020, cerca de 5,3 bilhões de reais em “investimento social” por ano.
Toda a diretoria da PHI no Brasil, em suas redes sociais, declarou voto em Lula nestas eleições: o presidente Alexandre Brasil, sociólogo, professor associado e pró-reitor de pessoal da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); a vice-presidente Lilian Márcia Balmant Emerique, professora adjunta da Faculdade de Direito da UFRJ, a primeira secretária Mônica Santos Francisco, deputada estadual (PSOL-RJ); o segundo secretário Clemir Fernandes, pastor e sociólogo.
Há ainda um Conselho Fiscal na PHI, composto por três integrantes, todos igualmente apoiando Lula nestas eleições: Daniela Frozi, doutora em ciências da nutrição pela UFRJ, Luiz Caetano Grecco Teixeira, padre da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, e Lusmarina Campos Garcia, pastora Luterana, conhecida feminista a favor da legalização do aborto.
Este Conselho Fiscal é o responsável e financiador do Coletivo Bereia, uma agência de checagem de fatos, lançada em outubro de 2019, que se apresenta como uma iniciativa apartidária de organizações e profissionais de base cristã. A maioria das checagens feitas pela agência defende Lula, o PT e movimentos esquerdistas em geral e “desmente” falas de Bolsonaro e seus apoiadores.
A agência é dirigida por Alexandre Brasil, o mesmo que preside o PHI, que é coordenador de planejamento; Juliana Dias, coordenadora de parcerias; Magali Cunha, editora geral e também pesquisadora do ISER; e Marcos André Lessa, diretor executivo. Todos fizeram declaração de apoio a Lula nestas eleições, direta ou indiretamente, em suas redes sociais.
A despeito de seu foco à esquerda, o Coletivo Bereia já integrou o Projeto Comprova, trabalho colaborativo entre vários veículos de comunicação com o objetivo de verificar a veracidade de informações divulgadas na internet, que tem a imparcialidade como um de seus princípios, inclusive recebendo recursos financeiros para tanto. Embora não seja uma agência de checagem certificada pela International Fact-Checking Network (IFCN) — instituição que estabelece uma série de critérios para aprovação de agências de checagem, como não-partidarização e justiça — o Coletivo Bereia informa em seu site que já buscou registro na instituição.
Em março de 2021, o Twitter incluiu a Bereia em uma lista de fact-checking da rede social. Os principais critérios levados em consideração pela curadoria são a imparcialidade, a precisão das informações e o tipo de conteúdo publicado pelo perfil.
Ainda outra financiadora do Coletivo Bereia é a Koinonia, organização parceira da CESE, que em seu site afirma ter a missão de “mobilizar a solidariedade ecumênica”, “prestar serviços a grupos histórica e culturalmente vulneráveis e em processo de emancipação social e política” e “promover o movimento ecumênico e seus valores libertários”. Entre os financiadores da Koinonia está, novamente, a Pão para o Mundo. A Koinonia é ligada também ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) e ao Conselho Mundial de Igrejas.
Sobre o ex-presidente da Koinonia, bispo emérito da Igreja Metodista Paulo Ayres Mattos, falecido na última quarta-feira (19), Magali Cunha, editora do Coletivo Bereia, escreveu na revista Carta Capital: “Em memória do pastor de esquerda que resistiu à ditadura e se tornou um bispo fiel aos princípios cristãos, Paulo Ayres deixa legado e joga por terra a falácia espalhada nestas eleições de que cristãos não podem ser de esquerda”.
A atual presidente da Koinonia é Ana Emília Martins Gualberto, historiadora pela (UERJ) e mestre em cultura e sociedade pela Universidade Federal da Bahia; integrante da Rede de Mulheres Negras da Bahia e do Nzinga Coletivo de Mulheres Negras de Belo Horizonte.
Evangélicos estudados
O ISER tem promovido ao longo dos últimos anos, e de forma mais intensa durante o período eleitoral, pesquisas para traçar o perfil do eleitorado evangélico e estratégias para alavancar candidaturas evangélicas à esquerda. Em artigo publicado na Revista Piauí, intitulado “Precisamos falar sobre os evangélicos”, a diretora Executiva do ISER, Ana Carolina Evangelista, afirma estar apreensiva com pesquisas de segundo turno que apontam 61% das intenções de voto em Bolsonaro e 31% no Lula nesse segmento.
Para ela, os “evangélicos hoje, em sua maioria, seguem optando pela reeleição de um presidente que representa um projeto de sociedade violento, intolerante e excludente”. No texto, Carolina afirma que é preciso incluir ainda mais os evangélicos nos seus estudos e análises, “especialmente fora dos períodos eleitorais”.
A mesma preocupação é encontrada na revista Tricontinental, uma publicação trimestral de esquerda, criada em 2017 pelo indiano Vijay Prashad, com ligações obscuras com o Partido Comunista Chinês. Em 2021, a Tricontinental foi apontada por investigações da inteligência econômica indiana como envolvida em um esquema de lavagem de dinheiro entre o magnata da tecnologia americano Neville Roy Singham e sua empresa NewsClick, que teria movimentado cerca de US$ 5 milhões entre 2018 e 2021 para promover uma narrativa pró-China na mídia indiana, incluindo a negação do “genocídio Uigur”.
No Brasil, os olhos da Tricontinental se voltam para o público evangélico. Em seu relatório “Resistir com fé: evangélicos e trabalho de base”, publicado em abril deste ano, a revista buscou compreender quem é, como pensa e o que quer o público evangélico, com o propósito de “canalizar esta energia para a estratégia revolucionária”. Assim, “o enfoque na religião evangélica ocorre porque há um reconhecimento de que a esquerda brasileira se distanciou da religiosidade popular, que em outro momento era majoritariamente católica e agora passa a ser cada vez mais evangélica”.
Movimento sorrateiramente orquestrado
Para o pastor batista Yago Martins, criador do canal no Youtube Dois Dedos de Teologia, que é mestre em teologia, especialista em economia política e também autor de quinze livros, entre eles, “A Religião do Bolsonarismo” (Episteme, 2021), os evangélicos têm uma tendência maior ao conservadorismo, e isso não mudou muito no Brasil nos últimos anos. Ele endossa, porém, que há muito dinheiro investido para que grupos mais à esquerda recebam mais votos.
Além disso, Martins recorda a existência de apoio midiático a grupos e personalidades da esquerda evangélica, que “vivem no mais absoluto ostracismo para com as comunidades tradicionais, mas que continuam recebendo espaço para dar entrevista, apoio público por socialite e por ‘bom mocismo’ do jornalismo, mas que na verdade não representam nada”. Segundo ele, trata-se de pessoas que utilizam o título de pastor, e até mesmo de um espaço público, mas na verdade não pastoreiam uma igreja real, contando com “apenas um pequeno séquito minúsculo de apoiadores políticos que muitas vezes nem se identificam bem com a fé cristã”.
Ele cita como exemplo a quase morte do movimento brasileiro da Teologia da Missão Integral, movimento evangélico de esquerda semelhante à católica Teologia da Libertação que, segundo ele, teve um momento de auge, mas que “rapidamente foi lançado no esquecimento, com os seus principais personagens ficando relacionados ao apoio inconteste de Lula como personagem messiânico”.
Para o reverendo Afonso Celso de Oliveira, ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil, que é advogado e teólogo, com mestrado em divindade, os investimentos estrangeiros em ONGs progressistas, incluindo as “pseudo-cristãs”, visam sedimentar um caminho de reformas em que temas resistentes a mudanças, como a descriminalização do aborto, sejam “azeitados”. Membro do Instituto Brasileiro de Direito e Religião, Oliveira explica que a estratégia para isso é a promoção revolucionária da cultura, de modo que, anulada a resistência conservadora, encontrem-se condições favoráveis junto ao parlamento e a um judiciário ativista para mudança na legislação e a interpretação mais favorável aos temas progressistas.
“Quando ONGs ditas cristãs abraçam esse tema e dizem que o aborto é um caso de saúde pública, repetindo este moto através de personalidades, celebridades e agentes políticos e religiosos, nada mais estão fazendo do que, sorrateiramente, transferir a esfera jurisdicional da criminalização da prática do aborto ilegal para a jurisdição social, onde não haverá nenhuma criminalização a qualquer forma de aborto”, afirma.
De acordo com o Oliveira, existe um evidente interesse econômico por trás deste movimento orquestrado, já que a indústria do aborto movimenta bilhões de dólares nos países onde é permitido. O reverendo acredita que o Brasil é o alvo a ser alcançado por fundações internacionais que trabalham na implantação de uma revolução cultural.
O advogado alerta que o lobby profissional para cooptar políticos e formar políticas progressistas, em um país ainda majoritariamente conservador, atende aos interesses internacionais, sob o manto da ecologia sustentável, da prática do aborto, da implantação da ideologia de gênero, da liberação das drogas, e de outros expedientes comprovadamente lucrativos.
“Interessante que por trás deste movimento liberal progressista, de viés ideológico marxista, se encontram metacapitalistas que têm a expertise de lucrar bilhões de dólares através da falência moral e econômica de uma nação. Por isso, investem em todos os segmentos, e o segmento religioso talvez seja o último bastião a ser rompido”, analisa.
Resposta
A Gazeta do Povo entrou em contato com PPM, CESE, PHI, Koinonia, ISER e Tricontinental, mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.
O Coletivo Bereia enviou nota à Gazeta do Povo onde afirma que, considerando que não é “instituição progressista no meio protestante”, está fora do escopo de cobertura da abordagem da reportagem, mas esclarece que são um projeto independente de fact-checking que tem como objeto os ambientes digitais religiosos.
“Apesar de fora do âmbito de abordagem da ‘pretensa reportagem’, em respeito ao seu contato, informamos que nossa política editorial, com a metodologia, os devidos critérios e protocolos de seleção de checagem, estão disponíveis em aba específica no site. Todos seguem os requisitos do IFCN, segundo parecer da organização sobre nosso processo inicial cumprido. Entre eles está o compromisso com o apartidarismo e com a checagem do que é de interesse público e amplamente repercutido em mídias sociais, denominado ‘viral’. Este princípio de transparência é muito importante e, de fato, deve pautar todos os veículos que se apresentam como jornalísticos”, afirma a nota.
Ainda que acreditem não atender aos objetivos desenvolvidos na matéria, o Coletivo sugere à equipe da Gazeta do Povo uma pesquisa mais apurada sobre o teor do que viraliza em espaços religiosos. Para a Bereia, será possível identificar uma predominância das tendências ideológicas “conservadora” e “ultraconservadora”, mas também material relacionado a “progressistas” e “libertários”.
Bereia acrescenta também que tudo o que checam é conteúdo viral que circula em ambientes digitais religiosos, e se o que se observa no site é material de ideologias “conservadora” e “ultraconservadora”, de “extrema-direita” é porque as fontes alinhadas com esta tendência política são “as maiores propagadoras e virais de desinformação”. Assim, afirmam, uma “busca atenta” levará a encontrar matérias desmentindo temas referentes ao presidente Jair Bolsonaro e aos seus apoiadores.
Bereia finaliza a nota reforçando que apenas checa o que circula em ambientes digitais religiosos, ou que tenha relação com religião, e não checa temas que não repercutam nestes espaços. Além disso, Bereia ressalta que possui uma política de atender sugestões de checagem dos seus leitores que respondam aos critérios de relevância do Coletivo.
Bereia não respondeu, entretanto, ao questionamento feito pela Gazeta do Povo sobre o motivo de a maioria dos integrantes do Coletivo serem de esquerda, segundo publicações feitas por eles em suas redes sociais, nem quais os critérios de admissão na agência de checagem.
2 – AS MENTIRAS DA ESQUERDA PARA SEDUZIR O ELEITOR EVANGÉLICO
O autor da coluna desta semana é Geremias Couto, pastor muito respeitado das Assembleias de Deus, teólogo, jornalista e escritor de, entre outros, A transparência da vida cristã – um estudo sobre o Sermão do Monte, coautor de Teologia Sistemática Pentecostal e Visão cristã sobre política, além de comentarista de revistas para a Escola Bíblica Dominical, que alcança milhões de membros da centenária denominação pentecostal. Recentemente um grupo de “cristãos progressistas” lançou um folheto intitulado É tempo de esperança: o Brasil tem jeito – o que os evangélicos realmente querem para o Brasil, em apoio ao ex-presidiário e candidato à Presidência Lula (PT) e a seu vice e antigo adversário político Geraldo Alckmin (PSB), para tentar ganhar o eleitorado do evangelho. Nessa semana, o pastor Geremias Couto avalia o panfleto.
“É tempo de esperança”: o Brasil do PT
Há um panfleto sendo distribuído entre os evangélicos, que tenta pintar Lula como o homem que salvará o Brasil. O discurso é messiânico e lança mão, inclusive, de versículos bíblicos isolados para dar a impressão de que ele é o homem escolhido por Deus para essa hora. O documento não leva a assinatura de nenhuma personalidade evangélica, mas vem com a marca de um grupo que se intitula “Restitui Brasil”; entre os nomes que aparecem no site, alguns têm perfil notadamente esquerdista e tintas teológicas liberais.
É possível que muitas pessoas, por desconhecimento, caiam na lábia do discurso envernizado sem terem a cautela de atentar para o fato de que nada do que ali é prometido caracteriza a prática política de Lula e corresponde ao programa de seu partido. O emprego de versículos bíblicos nada significa. Aliás, o diabo foi o primeiro a torcer as palavras de Deus no Éden e a empregar, depois, textos isolados do Antigo Testamento na tentação de Jesus. Só que ele soube desarmá-lo com o emprego correto da própria Palavra de Deus. Esse ponto já é suficiente para que acendamos a luz de advertência.
Os militantes “progressistas” que se definem como evangélicos pintam Lula como “a alma mais honesta” do Brasil, expressão que o próprio candidato cunhou para si
Se Lula estivesse concorrendo à sua primeira eleição, seria o caso de, eventualmente, conceder-lhe o benefício de poder estar falando a verdade através de seus ventríloquos. Mas ele não é novo na área. Já o conhecemos desde as três primeiras eleições que disputou e perdeu, e seus dois mandatos, seguidos dos mandatos de Dilma Rousseff, cujas maiores contribuições foram o mensalão e o petrolão – isto é, a era PT foi responsável pelo maior escândalo de corrupção em toda a história do país.
Mas agora os militantes “progressistas” que se definem como evangélicos pintam-no como “a alma mais honesta” do Brasil, expressão que o próprio Lula cunhou para si. Nada mais justo, portanto, que olhemos ponto por ponto o que essa cartilha propõe, usando versículos bíblicos, repita-se, como promessas de campanha do candidato, mas visando sobretudo descaracterizá-lo de sua eterna cor vermelha para lhe dar um colorido mais palatável, lembrando aquela clássica metáfora usada por Jesus para qualificar os doutores da lei: sepulcros caiados. Por fora, só aparência; por dentro, podridão ao infinito.
O PT e a defesa da família
A primeira mentira, citando Provérbios 17,6, aparece ao sugerir que Lula será o protetor da família e fará a defesa de seus valores. Basta apenas escutar o que ele disse recentemente e está espalhado pelas redes sociais para perceber que se trata de um grande mentiroso, apaniguado pelos seus ventríloquos. Lula afirmou com todas as letras para quem quiser ouvir que o modelo bíblico de família está superado e precisa passar por um processo de revisão. A presunção do que foi dito implica na aceitação de outros modelos de família, diferentemente do que afirmam os seus ventríloquos.
Aliás, a descriminalização do aborto fez parte do PNDH3 em decreto assinado por Lula, então presidente, tendo posteriormente os seus termos amenizados no Decreto 7.177/10 para “questão de saúde pública” em virtude da imensa pressão da maioria do povo brasileiro. Só que na prática nada mudou. Descriminalizar o aborto é parte do metabolismo político do PT e de seus satélites, como atestam contínuas manifestações de próceres petistas. O verniz dado pelos ventríloquos não muda a natureza. Lula é contra a família nos moldes bíblicos.
O PT e a defesa da paz
A segunda mentira, citando Mateus 5,9, que trata da bem-aventurança dos pacificadores sob a perspectiva do Reino de Deus, diz que as armas dos crentes são espirituais, para então afirmar que Lula pretende um país com “menos armas e mortes”. Poderia até ser verdade, se ele renunciasse à sua segurança para andar nas ruas sem qualquer proteção armada e garantisse de fato a segurança da população. Mas só o fato de um ministro do STF, Edson Fachin, de linha progressista, proibir a polícia de entrar nas comunidades dominadas pelo tráfico no Rio de Janeiro revela a verdadeira natureza da proposta. Uma população desarmada fica fragilizada e se torna vulnerável à ação de qualquer governo totalitário. Talvez não seja isso que queira o Lula?
O PT e a retomada do emprego
A terceira mentira, citando 1 Timóteo 5,18, promete o retorno do emprego, com a valorização do salário mínimo e a criação de mais oportunidades de trabalho. Embora o texto trate da dignidade do salário, refere-se primariamente àqueles ministros cristãos que militam no ensino da Palavra de Deus, ainda que o seu sentido possa estender-se aos demais trabalhadores. Onde estaria, então, a mentira? Em seu governo, Lula manteve os pobres na pobreza a depender das migalhas oferecidas por sua administração, enquanto nunca em toda a história econômica os bancos lucraram tanto como naquele período. Se houve algum compartilhamento de riquezas, foi uma “ação entre amigos”, mas os pobres continuaram nas mesmas condições.
Olhemos, por exemplo, a transposição do Rio São Francisco. As obras ficaram paralisadas durante o seu governo e no de Dilma Rousseff, com o povo do sertão prisioneiro dos carros-pipas, açudes secos e o plantio a perecer pela falta de água. Só agora a realidade começou a mudar, com a retomada das obras e a chegada da água a lugares onde antes só havia seca, mas hoje permite que até o trigo floresça em abundância. Lula é o pai de si mesmo e de seus asseclas. Não há como defini-lo de outra forma.
Se Lula estivesse concorrendo à sua primeira eleição, seria o caso de, eventualmente, conceder-lhe o benefício de poder estar falando a verdade através de seus ventríloquos. Mas ele não é novo na área
O PT e a proteção social
A quarta mentira cita Eclesiastes 3,12-13 em contexto totalmente distinto; os ventríloquos afirmam com ela que Lula debaterá com a sociedade uma ampla rede de proteção social, garantida por nova legislação trabalhista, para assegurar o emprego do trabalhador. Mas admito o direito do leitor de perguntar: por que se trata de uma mentira? Pela simples razão de que quanto maiores forem os encargos sociais, a consequência é menos produção, pelos custos que acarretam, menos emprego e menor giro de dinheiro, que mantém por sua vez o giro da economia. Em uma frase: menos produção, mais desemprego.
O PT e a Previdência Social
A quinta mentira, citando Tiago 5,14, diz que Lula buscará um modelo para que todos os trabalhadores tenham direito a uma Previdência Social justa. Mas ele e o seu partido estiveram no poder por 14 anos e nem sequer propuseram ou fizeram qualquer reforma. Mais uma vez, assim como o diabo na tentação de Cristo, partem de um texto bíblico isolado para justificar outra coisa que o texto não diz. Já está mais do que provado que um Estado pesado, paquiderme, não tem condições de gerir uma Previdência justa; aquele pessoal com altíssimos salários não quer perder o status quo na aposentadoria para ajudar aquele trabalhador que não desfruta de tais privilégios. Mentem mais uma vez os ventríloquos do candidato.
O PT e a valorização das mulheres
A sexta mentira, citando a carta de Paulo aos Gálatas 3,28, afirma que Lula quer a real valorização das mulheres. Ora, senhores ventríloquos, por que citar uma passagem que tem relação com o Corpo de Cristo – a Igreja? Paulo fala, ali, sobre o efeito do Evangelho, que iguala a todos, homens, mulheres e pessoas de qualquer etnia, como dependentes de Cristo para a salvação. Nesse sentido, nenhum sobrepuja sobre o outro. Convertam-se!
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A mulher se valoriza quando reconhece o seu papel no diagrama de Deus. A mulher se valoriza quando se prepara em seu papel complementar na família, ao lado do marido, para que ambos sejam colunas de sustentação dos filhos. Não é com Bolsa Família, uma política compensatória, que a mulher se valoriza, mas com acesso ao mercado de forma tal que não dependa das migalhas do governo.
Por falar em políticas compensatórias, os Estados mais democráticos costumam adotá-las. Mas é um modelo que tem porta de entrada e porta de saída. Tem caráter temporário. Visa atender o contribuinte em situações emergenciais, como desemprego, por exemplo, até que a normalidade se restabeleça. Não é um cabide do Estado para manter as pessoas prisioneiras e dependentes do que o Estado faz. Eventualmente, pode-se dar o peixe. Mas ao mesmo tempo é preciso ensinar a pescar, com programas que favoreçam a profissionalização do trabalhador. Não, senhores ventríloquos, o que querem é tornar o Estado o pai de todos. O que buscam é abrir clareiras para a implantação de um regime socialista no Brasil. Os senhores nunca terão o nosso apoio!
O PT e a liberdade
A sexta mentira, citando Gálatas 5,13, é um prêmio dos ventríloquos à “eisegese” bíblica – ou má exegese. A liberdade de que fala Paulo é outra. Nada tem a ver com a liberdade da democracia. Usar o texto para encimar uma proposta política é forçar a barra ou achar que os crentes são analfabetos funcionais de Bíblia. Liberdade, ali, significa a nossa libertação da escravidão do pecado para viver a vida cristã segundo os padrões do Reino de Deus, e não deste ou daquele projeto político. O uso do texto soa pura enganação! Ora, a única forma de vivê-la é mediante a abundância do fruto do Espírito Santo em nós, contrapondo às obras da carne.
Por que o PT, em 14 anos de governo, não fez do SUS o melhor sistema de saúde do mundo? O que fez foi atender os interesses do Foro de São Paulo e implantar o Mais Médicos
Mas, se querem tratar do tema no campo político, o candidato que defendem não é esse primor em defesa da liberdade. O que fazem políticos petistas que lhe prestam obediência? Profanam templos, agridem a fé cristã, falam em tolerância religiosa desde que os outros se calem e eles determinem quem tem o que se convencionou chamar de “poder de fala”. Essa é a liberdade que defendem. Já em seu primeiro mandato, houve várias tentativas de Lula emplacar a regulamentação da mídia, que nada mais é do que estabelecer uma “Gestapo” para censurar os meios de comunicação. O tema voltou com força nesta campanha. Lula não tem nenhum pejo em defendê-lo. Já o fez em distintas ocasiões, diferentemente da proposta defendida na cartilha, que não passa de “conversa para inglês ver”. Com isso, sabe o que poderá acontecer amanhã? Muitas igrejas serão proibidas de ter os seus programas na mídia tradicional e serão monitoradas de perto nos streamings das redes sociais. Alguns poderão argumentar: e se houver ofensa no uso da liberdade de expressão? A lei já prevê a penalização para esses casos. Trata-se dos crimes de calúnia, injúria e difamação. Mas calar a nossa voz agora em nome de supostos crimes futuros é um acinte à liberdade.
O PT e a criação
A sétima mentira, citando o Salmo 24,1-2, que trata do domínio de Deus sobre toda a Terra, é outra farsa de uma interpretação farisaica. Não há, ali, qualquer conotação política, a não ser a de que o Senhor domina sobre todas as coisas, valendo citar, inclusive, que é ele quem põe e depõe reis. Toda a autoridade lhe pertence. O Salmo ainda acrescenta que só subirá ao monte do Senhor ou permanecerá no seu santo lugar o que é limpo de mãos e puro de coração. Seria o candidato dos ventríloquos, o Lula, assim qualificado? Veremos daqui a pouco. Mas, em suma, ele não é essa pessoa que esteja preocupada em cuidar da criação de Deus até porque a fé, para o seu partido, não faz nenhum sentido.
O PT e a educação
A oitava mentira, citando outra vez a Escritura de forma equivocada em Provérbios 22,6, é a que promete educação de qualidade. Mas foi isso que o PT fez em 14 anos de administração? Absolutamente não! O que fez foi introduzir a doutrinação marxista nas escolas, a ideologia de gênero e engendrar a distribuição do kit gay, que só não ocorreu porque houve muita pressão e o projeto acabou morrendo no nascedouro por acordo político nos bastidores. O nível de analfabetismo hoje é tal que até os militantes petistas e de esquerda não sabem interpretar um pequeno texto. Não é essa educação que queremos para o Brasil, senhores ventríloquos.
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- Católicos, protestantes, pentecostais e a guerra pela alma do Brasil
O PT e a saúde
A nona mentira, citando de novo uma passagem fora de contexto, Mateus 9, 12 – na qual Jesus diz que são os doentes que precisam de médicos e não os que têm saúde –, é a que promete tornar o SUS um sistema que resolverá todos os problemas de saúde do Brasil. Ora, senhores ventríloquos, os doentes de que fala o Senhor Jesus são os doentes da alma, para os quais a mensagem sanadora são as boas novas do Evangelho. Mas, se querem falar sobre o SUS, por que o PT, em 14 anos de governo, não o tornou na prática o melhor sistema de saúde do mundo? O que fez foi atender os interesses do Foro de São Paulo e implantar o Mais Médicos, cujos profissionais vinham de Cuba e cujos salários em sua maior parte para lá voltavam, enquanto estes viviam à míngua no Brasil, sem que o sistema tivesse qualquer aprimoramento.
“Quando os justos governam”
A única verdade citada pelos ventríloquos do candidato é a de Provérbios 29,2: “Quando os justos governam, alegra-se o povo”. Mas a grande contradição é que Lula não preenche este requisito, porque ele é em si mesmo uma grande mentira. Saibam os senhores que tanto no mensalão como no petrolão os delatores o nomearam como o chefe da quadrilha. Lula foi condenado em três instâncias do Judiciário. “Mas o STF anulou as condenações”, dirá alguém. Anulou, mas não inocentou. Em razão de filigranas políticas e jurídicas, os processos voltaram à primeira instância, onde teriam o seu curso caso não ocorresse a prescrição, como se imagina tenha sido o propósito. Portanto, não se enganem com essa conversa. O Lula deste panfleto não é o Lula da campanha. É o Lula envernizado por “cristãos progressistas”. É o Lula pintado a ouro, numa tentativa de enganar pessoas ingênuas. Mas você tem os olhos de Cristo Jesus para guiá-lo em toda a verdade.
Pode ser que você receba este panfleto na porta de sua igreja. É seu direito recebê-lo ou recusá-lo. Seja, no entanto, elegante. Caso não queira parecer mal-educado, receba-o de maneira cortês e lance-o na primeira lixeira que encontrar pelo caminho.